Pensei muito antes de escrever
este post. Ganhei muitas vezes coragem de tomar uma atitude mas o resultado foi
sempre o mesmo, desistir antes de tentar. As desculpas eram muitas, “não, não é
tão grave assim”, “ paro quando quiser”, “ vício não é isto é outra coisa”…
qualquer semelhança com o discurso de qualquer dependente é pura realidade. A
verdade é que eu tenho um vício, sou viciada, simplesmente a droga de escolha é
algo que, por enquanto, não faz mal aos outros, apenas à minha carteira. Sou
shopaholic! Ok ainda não atingiu níveis graves nomeadamente shoplifting, hording, bankruptcy, etc mas também não quero chegar lá para ver como é.
Alguns podem pensar que existe
alguma leviandade na forma como abordo este assunto, o facto é que ele é tudo
menos trivial, está a tornar-se um verdadeiro problema ao ponto de ter chegado
à conclusão que perdi o controlo. Esta perda de controlo faz com que me sinta
completamente descontrolada também nos outros aspectos da minha vida.
Vivi muitos anos muito perto do
vício, sempre tive coragem e determinação para peremptoriamente decidir jamais
me entregar aos vícios ‘comuns’ (normalmente associamos a dependência ao
álcool, tabaco, droga ou jogo), nunca bebi, nunca fumei, nunca experimentei
drogas nem sou dada a jogos. Orgulhosamente ignorava a ‘chacota’ dos meus
amigos quando recusava uma bebida, “também não é um golo que te vai viciar…”,
pois mas eu preferia não arriscar porque conhecia bem demais os efeitos que uma
dependência podia causar. E vivi muitos anos assim, alheia ao facto de que
sorrateiramente o meu vício de eleição ganhava espaço junto da minha
predisposição genética.
Sempre pensei que o meu ‘mal’ era
a comida e enganava-me dizendo que para me manter na ‘linha’ tinha de fazer um
grande esforço. Sim é verdade que quando era miúda era gordinha, é verdade que
por vezes estou um pouco ‘fora de forma’, mais por preguiça do que por ‘metabolismo
lento’. Depois de três gravidezes mantenho o peso dentro do aceitável, diria que
‘normal’, o resto é falta de exercício, claro que faço alguma ‘contenção’ no
pós-parto como sempre fiz com o receio do fantasma da gordura que me assombrava
desde criança, mas nada que um verdadeiro vício tornasse tão ‘fazível’. Não
quero com isto minimizar esse esforço, mas a verdade é que não é nada comparado
com o meu problema com as compras.
Sempre tive a sensação de
controlo, no entanto percebo agora que talvez fossem os factores externos que
estivessem alinhados para que estes comportamentos não se demonstrassem de
facto compulsivos e destrutivos.
Estes últimos anos não têm sido
fáceis em termos emocionais, momentos de extrema felicidade, nomeadamente com o
nascimento dos meus filhos, de extrema tristeza com a perda do meu pai há pouco
mais de um ano e da minha avó a quem chamava mãe (a minha mãe é mamã, mas isto
é um aparte para aliviar a tensão), ainda este ano e mudanças drásticas para as
quais não estava reparada como mudar de país, deixar família, amigos e colegas,
ter de abdicar do meu emprego no qual eu me sentia profundamente realizada e
deparar-me quase aos quarenta anos, num país que me viu nascer mas no qual por
vezes me sinto uma estranha, ‘sozinha’ e praticamente ‘desempregada’ (praticamente
porque me encontro em licença mas sem regresso visível no horizonte) e
‘dependente’ da minha casa, do meu marido e dos meus filhos.
Isto tudo põe as coisas em
perspectiva e faz com que comecemos a fazer uma introspecção e a ponderar o ‘poder’
das nossas escolhas. Cheguei à conclusão que eu ainda não fiz o ‘luto’ de tudo
aquilo que eu perdi, e embora por vezes me sinta a mulher mais feliz e
felizarda do mundo por tudo aquilo que tenho e pelo qual me sinto abençoada e
grata também é verdade que existe o outro lado da moeda.
Esta falta de controlo na minha
vida, algo que eu não estava habituada, uma vez que profissionalmente e também
em termos pessoais sempre fui uma pessoa muito segura de mim, fez com que me
agarrasse àquilo que me dava essa sensação de segurança, de domínio fictício,
que é precisamente o comprar, o adquirir bens matériais, neste caso roupa e
acessórios, simplesmente porque, felizmente, posso.
Esta atitude não me trás qualquer
orgulho, pelo contrário, só mostra como estou fragilizada ao ponto de me deixar
controlar pelas minhas inseguranças. O que fiz de compras este ano (malditas
lojas on-line) davam para me manter vestida e ‘acessorizada’ por um bom tempo.
Com a eminência da viagem para
Lisboa de férias da Páscoa apercebi-me que não necessito de levar sequer um
alfinete para Portugal e consigo vestir-me praticamente só com peças da última
colecção da Zara ou da Mango. Longe de me deixar feliz isto deixa-me triste, há
muito tempo que não sei o que é ficar realmente feliz por adquirir uma peça que
queria há já algum tempo. E acreditem nem sempre foi assim, nunca me faltou
nada mas tempos houve que tínhamos o essencial, principalmente uns aos outros, a
família, e isso tornava-me a pessoa mais feliz e preenchida do mundo, tempos
que eu ‘inventava’ modas com aquilo que tinha e que me valeu a alcunha “Miss
Modas”.
O tempo não volta para trás, mas
segue em frente. E é isso mesmo que eu quero fazer, seguir em frente.
Resumindo e concluindo e tentando
não baralhar resolvi que sou capaz, YES I CAN! Resolvi ‘aceitar’ o desafio da
Gasparzinha (um pouco tarde eu sei, mas para quem não leu o texto faltava-me a
coragem), ela explicou muito bem o que eu gostaria de explicar sobre as ‘regras’
por isso mais vale ler Aqui do que levar com mais uns quantos parágrafos meus,
e já agora acompanhar os outfits dela que são uma inspiração, e parabéns pelos 29 dias! Este desafio não
é novo mas pelo que dizem é eficaz (já tinha acompanha o desafio da
Fashionista, sempre sofisticada e elegante e da Jô, moderna e criativa. Espero
daqui a um ano sentir-me ‘renovada’. Regra máxima: Nada de recaídas!
E já agora se têm dúvidas se as compras para vocês já se tornaram um problema ou para lá caminha visitem Este site.
E já agora se têm dúvidas se as compras para vocês já se tornaram um problema ou para lá caminha visitem Este site.
Hugs, Kisses, Love and
Best Wishes
MSM
P.S. Este Post não foi revisto
com receio de que me faltasse a coragem para o publicar, por isso peço desde já
desculpa por eventuais erros de conteúdo ou forma.MSM
Bem vinda!! Havemos de conseguir as duas e como dizes, nada de recaídas.
ResponderEliminarE muito obrigada pelas tuas palavras, bjs.
Em primeiro lugar revejo-me no teu problema também, mas penso que não serei uma shopaholic. Talvez seja, não sei. A verdade é que tenho sempre de comprar coisas novas a toda a hora, coisas que às vezes não uso e que ficam ainda no armário com etiqueta. Quero ter aquela sensação que tenho muito, mas depois acabo sempre por utilizar o mesmo. Em segundo, muito boa sorte para esse desafio, este vicio é como qualquer um, acho que te percebo bem. Mas penso que não conseguiria fazê-lo ainda para mais um ano, é tempo demais. Por isso desejo-te a maior sorte para o desafio. E as maiores felicidades, pois estes problemas vêm de problemas emocionais. Que te corra tudo pelo melhor.
ResponderEliminarE vai-nos mantendo actualizadas, quero saber como te está a correr! (Desculpa este big comment)
Grande beijinho
vou acompanhar com muito interesse! Fiz um desafio há uns tempos e ando a ganhar coragem para fazer outro! Acho que aprendemos muito e ganhamos controlo!
ResponderEliminarForça nessa jornada! Será interessante saber o que ganharás com esse desapego.
ResponderEliminarMSM Como te Entendo!!!
ResponderEliminarOlha este Post é sem duvida "a minha cara" alias é um problema "nosso" de Mulheres, infelizmente poucas admitem minha querida; E desde já deixa-me Parabenizar-te pelo facto de reconheceres! Este para mim é o melhor começo...quando reconhecemos as coisas, quando aceitamos que temos algo errado e nos tentar emendar! Quero com isso dizer que tens ao menos consciência e vais te sacrificar em Mudar... Querida, deixa-me dizer-te que fizemos parte de um "Mundo Consumista" principalmente quando vivemos em sociedades aonde podemos comprar, principalmente as compras On-line (é um outro vicio, para além do vicio das compras pelas lojas) Vou tentar não me alongar muito porque como sabes tal como tu Adoroooo escrever! Também já passei por esta fase, até que antes de sair dos Estados Unidos, aonde vivi uma boa parte da minha vida, nem fases ideia da SHOPHAOLIC que me tornei... eu prometi a mim mesma "cortar as compras e me controlar nos gastos" Consegui?! Ao menos tentei...Alias ainda sinto que vou conseguindo paulatinamente porque já consigo comparar preços! Como sabes fiz no Ano passado um Bazaar e era mesmo para me redimir dos excessos, tenho mesmo MUITO de TUDO!!! Talvez assim como tu...e fui acumulando, dai escolhi não tirar a etiqueta do que ainda não vesti mesmo para me emendar!
Olha em Jan. de 2012 comprei os últimos pares de Óculos de sol porque fiz as contas e contabilizei mais de 20 pares! Achei a maior aberração...tirei óculos de sol da cabeça, e disse para mim mesma "é um exagero" e desde então ainda não comprei...no Bazaar consegui vender uns 4pares...já me senti mais aliviada!
Acho que uma outra forma de te poderes sentir bem é ires oferecendo, mas claro também fiz isso e não é só pelo dinheiro, mas se gastamos tanto, acho que fazendo um bazaar sempre é uma forma de teres retorno de um bocado do que gastaste, por isso aconselho-te também a pensares em fazeres um Bazar!
Espero poder ter te ajudado um bocado...e espero que te sintas melhor porque não és a única no barco!!! ;)
Coragem, força, e YES U CAN!!!
Beijos!!!